Coração de Leão

Uma autobiografia que envolve Amor e Fé entre mãe e filhos, capaz de mostrar que o Amor incondicional vai além da despedida... E ainda é capaz de recomeçar.

Sala de Espera


Quatro barrigudas, uma em cada ponta.

Uma acaricia a barriguinha...

Outra come barrinha de cereal como se fosse um pudim inteiro...

Eu escrevo...

A quarta está cheia de malas... Vai internar!

Eu, quando vinha para sentar aqui à espera das ultras do meu leãozinho , no ano retrasado, via as outras mães levando seus filhotinhos pra casa, enquanto eu pensava quando seria a nossa vez. 

Ultimamente passei os 9 meses sentada aqui me vendo no ano retrasado, em que minha vida se resumia à UTI do andar de cima: crachá, casaco, garrafinha d'água e Havaianas para aguentar as horas de pé. 

Já com meu "Mindu", passei todos esses meses sabendo que o viria nas ultras pelo monitor, de cara emburrada, mostrando o bumbum e que tudo estaria bem. Que o terei ao meu lado desde o instante que nascer. Que lá de cima, meu Miguelindo cuida de tudo do jeitinho que a mamãe sempre sonhou. 

´Aracelli, pode entrar!´

Aracelli Moreira 

 

Qualquer reprodução deste texto deve seguir com a fonte de autoria: Aracelli Moreira, www.coracaodeleao.com.br

Às mães de Anjos


relógio

Tempo

Do dicionário: "Série ininterrupta e eterna de instantes", "Medida arbitrária da duração das coisas".

Tudo depende do Tempo. É ele que nos faz mais, ou menos, que nos ameniza, ou que nos aumenta o sentir por algo ou alguém. Que desvenda aquilo que não queremos ver, ou disfarça o que nos é desnecessário.

É o tempo que  nos mostra que a vida é feita de pequenos instantes, que não passam, mas se distanciam, se transformam, se ressignificam... 

Por meses eu quis que a vida ora passasse logo, ora voltasse e me mostrasse outra realidade. Mas aí não estaria falando de tempo, mas de fuga. Mães de Anjos por vezes querem fugir, porque o tempo parece que para, é como se ele estagnasse para que se possa olhar tudo detalhadamente.

Viu? É essa sua nova vida. É com ela que você deverá reaprender a viver. E eu vou te dar a duração necessária para isso.” – É assim que o imagino dizendo em meu ouvido.

Essa série ininterrupta e eterna de instantes me fez voltar a falar com Deus, me fez entender a missão que eu escolhi para viver com o meu filho que partiu, me fez desejar continuar a viver uma nova página com Theo, com a nossa família, de uma história que não tem fim.

O tempo me mostra que 1 ano pode ser muito pouco, ou até mesmo uma vida inteira. Que um dia achei que nunca mais fosse sorrir, ou amar, ou querer que chegasse o outro dia, e de repente tudo o que eu quero é um tempo cheio de instantes que me farão ainda mais feliz! 

Aracelli Moreira 

 

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Chá de Minduim


Chá de Minduim tem que ser a caráter. E assim foi! Demorei meses para organizar, pensar nos detalhes, não porque tinham tantos assim, mas porque Eu precisava viver todas as etapas dessa nova gestação. 

Charlie Brown - Chá do Theo

Charlie Brown - Chá do Theo

No início da gravidez do Theo, tudo foi muito confuso aqui dentro, eu me sentia pronta, mas o meu coração de mãe ainda estava sangrando. Acho que essa é uma ferida que não sara jamais. Mas eu também compreendi que o Theo encontraria uma mãe muito diferente da que o Miguel encontrou. Assim como qualquer outro filho que venha depois do primeiro. Toda mãe, com a experiência de tudo que viveu com seu primogênito, transforma-se. E não foi diferente comigo. Em muitos sentidos. 

Mas isso dará um outro texto mais à frente (rsss)... 

Voltando...

A terapia me ajudou a ver que se o Miguel estivesse aqui comigo, crescendo, engatinhando, ele me exigiria atenção - eu estaria nos preparativos da sua primeira festa de aniversário - e teria que saber dividi-la entre os dois. Por isso eu não me culpei dedicar essa atenção, a princípio, ao Miguel, ao lançamento do livro que fiz sobre ele, para ele. Eu não conseguiria dar um novo passo de outro jeito. Era como fechar um ciclo. Assim me sentia numa preparação para uma nova etapa da minha vida.

Fiz o lançamento e só então eu pensei na primeira celebração (de muuuuuitas) que o Theo terá. 

Escolhi o tema do Charlie Brown e Snoopy porque eu carrego o Minduim mais amado do mundo, tinha que ser esse o tema! Mas como eu disse, a mamãe aqui não é mais a mesma e não aguentou fazer tudo sozinha como da outra vez. Precisei de reforços!!! Mal consegui fazer uma brincadeira, logo eu, a Rainha das Brincadeiras e Surpresas dos Chás de Panelas, de Bebês, etc. (minhas amigas que digam!). Mas a barriga de 32 semanas já não está colaborando com as dores na lombar. Cheguei à conclusão que a gravidez do Miguel foi pura fantasia. Eu pulei, dancei, corri e nada senti. Só felicidade. 

Desta gestação, a minha felicidade se resume a uma gravidez normal, com alguns poucos sintomas, verdade, mas algo dentro da realidade de toda mãe. Eu sempre dizia que queria ter tooooodos os sintomas do mundo, para que meu Miguel estivesse a salvo. E eu nada pude fazer quanto a isso. E agora, graças a Deus, eu ouço dos médicos: “O Theo está ótimo!”. E sentir dor na lombar ou falta de ar me faz até sorrir, porque ele está bem.

Lê-se: "Pode comer sem culpa. Você vai continuar linda! Theo, 16/01/16"

Lê-se: "Pode comer sem culpa. Você vai continuar linda! Theo, 16/01/16"

Há poucos dias da festa, fui tomada por uma alegria que nem eu imaginei que sentiria, uma gratidão ainda maior por Deus permitir que eu estivesse vivendo tudo aquilo de novo. E assim foi por todo tempo. Vi a mesma alegria no meu marido, no carinho que tivemos em deixar tudo perfeito para celebrarmos a chegada do nosso Theo.

E essa alegria estava nos olhos, nos sorrisos de todos que foram viver esse novo momento de nossas vidas.

O Chá de fraldas foi muito mais que uma festinha entre amigos e familiares, foi dizer ao meu filhote que ele é muito aguardado, muito amado e que estamos à sua espera.

Aracelli Moreira 

 

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Um jardim encantado


Ensaio fotográfico do Theo, por Carol Correa Photography

Ensaio fotográfico do Theo, por Carol Correa Photography

No último dia 9, meu marido e eu saímos de casa para tirarmos as fotos do Ensaio do Theo. Pela primeira vez tivemos um “evento” para o nosso mais novo. Fiz as fotos num lugar diferente de quando fizemos na gravidez do Miguelindo. Figurino diferente, fotógrafa diferente e por que não Pais diferentes?! 

Não há como sermos os mesmos de outubro de 2014. Naquela época, não fazíamos ideia de nada, pelo que passaríamos, de quem nos transformaríamos...

Se há pouco mais de um ano, eu corri pelo Parque Lage com uma saia de filó, agora eu estava num vestido longo rendado toda trabalhada na elegância. 

O Miguel me fez ter pressa. Eu corri pra tudo! Até mesmo para amá-lo o máximo possível. Consegui até o impossível. Com Theo, tenho a calmaria, talvez a sabedoria de uma Mãe de Segunda Viagem

Escutei a fotógrafa dizer: “Ponha a mão na barriga e se conecte ao seu filho.”. E um filme passou na minha cabeça...

Pensei naquela tarde do Parque Lage (há mais de um ano), nas coisas que imaginei que realizaria com ele, em tudo. Eu sabia que seria um momento de muitos pensamentos. 

Se o Miguel estivesse ali, estaria desviando minha atenção do mesmo jeito, correndo, caindo, chorando, fazendo pirraça... Então, resolvi deixar meus pensamentos fluírem. 

Foram muitos os momentos que revivi aquele ensaio de meses atrás, mas aos poucos fui me conectando ao Theo. Senti-o mexer, mostrar a mim que agora era ele, era a vez dele me fazer feliz, a seu modo, com a sua história.

E meu Minduim passou a ser a estrela daquela manhã. Todas as vezes que sorria, pensava: “Mamãe está aqui por você, meu amor!”. E assim ficamos durante 4 horas andando pelo Jardim Botânico curtindo cada segundo daquele momento. E pelo que vi no resultado das fotos, meu amor por ele foi registrado para que um dia possamos ver essas fotos, j-u-n-t-o-s!

Aracelli Moreira 

 

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Flor do Amendoim


Foto: José Carlos Patrício

Foto: José Carlos Patrício

A primeira vez que me viram disseram: “Do tamanho de um amendoim”. Na verdade eu era bem menor que isso, mas achei engraçado a mamãe e o papai me verem já como amendoim. 

Com o tempo, fui crescendo, ficando forte e passei longe de ficar tão pequenininho. Mas ainda me chamavam assim. 

Quando descobriram que eu viria menino, mamãe disse que eu era seu “Minduim”, como o Charlie Borwn, do Snoopy. Às vezes a ouço me chamando de “Mindu”, e papai, de “Mindu Theo”. Já tenho até nome composto! 

Além do jeito carinhoso que encontraram para me chamar, escolheram o meu nome, e eu soube no exato instante que era ele, assim como meu irmão me dissera ainda no céu. 

Senti a mamãe chorar de saudades dele, ouvi atentamente todos os seus medos e fiz de tudo para que ela recebesse sempre as melhores notícias minhas nas ultras. E ouvia o papai dizer: “Esse é o Mindu Theo do papai!”. O que eu podia fazer? Dar pulos dentro da barriga da mamãe, ué! 

Eu vim para vida deles para fazê-los ainda mais felizes. E consegui. Tudo o que o Miguel me disse era verdade. Meu quarto não será azul, a mamãe canta pra gente ainda dentro da barriga, e que eu ia receber todo amor do mundo.


Theo, Minduim da mamãe e do papai.

Aracelli Moreira 

 

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