Coração de Leão

Uma autobiografia que envolve Amor e Fé entre mãe e filhos, capaz de mostrar que o Amor incondicional vai além da despedida... E ainda é capaz de recomeçar.

Como uma flor


jardim flores

Haverá aquele dia que não terá nada além de um olhar emocionado,
Ou de uma voz embargada.

Haverá aquele dia que a gente se perguntará "Por quê?!",
Ou nem mesmo vontade  de sorrir existirá.

Haverá dias de coração esmagado, que consegue ficar do tamanho de um grão de areia,
Ou até de uma sementinha.

Mas há outros muitos dias que da sementinha brota uma flor, essa flor se abre, exala um perfume doce como o mais puro amor...

 

Escrevi este texto depois que li um relato de uma mãe de anjo e percebi que somos como um jardim cheio de flores, onde um dia uma rosa murcha pela falta e saudade de um amor, mas no outro, esse mesmo amor faz crescer um novo botão. 

Desejo um jardim florido para todas nós!

Aracelli Moreira

Qualquer reprodução deste texto deve seguir com a fonte de autoria: Aracelli Moreira, www.coracaodeleao.com.br

 

Meu pai é...


By @elena_shumilova

By @elena_shumilova

"Aquele que sorriu quando soube que eu viria especial."

"O meu brinca de caretas para me fazer sorrir."

"Meu pai lavava as mãos muitas vezes, mesmo que não pudesse tocar em mim."

"O meu chega do trabalho já lavando porque eu abro um sorrisão pra ele."

"Meu pai cantava umas músicas esquisitas quando eu ainda estava na barriga da mamãe."

"O meu pai aprende a cantar as músicas dos meus desenhos favoritos."

"Meu pai me ama incondicionalmente mesmo eu estando longe."

"O meu me olha nos olhos e me mostra isso também, todos os dias." 

Aracelli Moreira

 

Qualquer reprodução deste texto deve seguir com a fonte de autoria: Aracelli Moreira, www.coracaodeleao.com.br


 

De onde vem o arco-íris


arco iris

Dizem que depois da tempestade vem o arco-íris. E é por isso que a mãe que se despede de um filho, ao engravidar novamente, espera seu "bebê arco-íris". (Assim dizemos!)

Custei entender o que seria a "tempestade" pra mim. Ela não foi o Miguel, não foram todas as coisas que vivemos juntos, nem aquelas que não vivemos. 

A minha tempestade foi a mistura de dor e medo. 

É a ausência. 

Por meses, mesmo quando já grávida do Theo, a ausência me molhava com gotas grossas de chuva. Daquelas que batem forte na gente. 

Há quase cinco meses, dessa tempestade eu sinto o cheiro de terra molhada, é esse cheiro que me faz saber o que vivi. Quando é preciso, ela volta num dia nublado e cheio de chuviscos.

Há quase cinco meses, vejo todas as cores do meu arco-íris iluminando cada pedacinho de mim. 

Olhar nos olhos do meu filho mais novo é saber que nunca me despedi por completo do meu mais velho. É ver no seu sorriso, na sua cara de choro partes das lembranças deixadas pelo meu leãozinho. 

É perceber, a cada dia, o quanto de Miguel tem no Theo, mas principalmente, o quanto de Theo tem em mim. O que ele me trouxe, o que me faz sentir, que me proporciona ver as cores desse arco-íris. 

O Miguel é a minha Luz. 
Ao Theo, coube a missão de Colorir a minha vida! 

Aracelli Moreira 

 

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Dia das Mães


Gestações do Miguel e do Theo, respectivamente.

Gestações do Miguel e do Theo, respectivamente.

Por todos dias e noites na UTI...
Por outros à beira do berço.
Por todas as vezes que me impediram de te ver...
Por todos os momentos que sou eu a estar com você.
Por todo leite numa sonda...
Por sentir sugá-lo em mim.
Pelas fraldas não trocadas...
Pelas inúmeras cheias de cocô que posso trocar.
Pelo cheirinho de esparadrapo...
Pelo cheirinho de cama.
Pelo colo vigiado...
Pelo colo à vontade.
Pelos bipes dos monitores...
Pelas musiquinhas de ninar.
Pela despedida...
Pela chegada.

Pelos seus sorrisos, seus olhares, por suas existências!

Pela Luz... Pela Esperança... 

Eu amo vocês, Meus Filhos! 

Aracelli Moreira 

 

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Um novo eu


Quando se despede de um filho, por uma vida inteira, todas nós, mães, passamos por um processo de transformação que é inevitável, irreversível, incontrolável. Eu dizia muito no início "eu não me reconheço mais", "não consigo ser a Aracelli de antes". E ouço sempre de outras mães a mesma coisa. 

Mas com o tempo a gente passa a se (re)conhecer, a entender que é impossível mesmo passar por tanto e não mudar. Olhamos tudo de maneira muito mais sensível, com mais detalhes. A vida passa a ter outro contorno. 

Claro que, quando damos conta que não somos mais as mesmas, somado a dor, tudo parece um pesadelo. E entendemos que esse novo Eu aparece e, na verdade, é fruto da experiência que passamos, mas também da existência dos nossos filhos, e por eles, somos capazes de nos transformar até num inseto, se preciso! 

E a cada dia, esse novo processo me mostra algo que não estava ali. Esses dias percebi que uma mãe que não tem mais seu filho é semelhante a um alcoólatra em tratamento para o resto da vida. Em que se precisa vencer um dia de cada vez. E se algo, ou alguém, ativa nossa dor, ela vem com tudo, e voltamos ao fundo do poço.

Ouço muitos relatos de outras mães que dizem "estava tudo bem até que...". 
Por isso esse processo de transformação nos exige Autoconhecimento. Precisamos entender nossos limites, repensar em nossas atitudes e sempre nos perguntar "Isso é bom pra mim?
Porque a saudade em si já é algo grandioso demais que temos que lidar, e pra sempre! Por isso, saber até onde podemos ir, até onde podemos deixar que outras pessoas avancem, é uma questão de sobrevivência... nossa!

Quem disse que hoje desejo ser a Aracelli que fui até 2013? Porque minha versão Mãe do Miguel e agora Mãe do Theo é a mais completa, cheia de coragem e medo, capaz de enfrentar o universo mas também que pode chorar antes de dormir. 

Essa versão mais completa não é só porque me despedi de um dos meus filhos, mas porque eles existem em mim! 

Aracelli Moreira 

 

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