Coração de Leão

Uma autobiografia que envolve Amor e Fé entre mãe e filhos, capaz de mostrar que o Amor incondicional vai além da despedida... E ainda é capaz de recomeçar.

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O meu SIM


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Passei meses da minha gravidez sem ter a certeza de que poderia tocar no MEU filho, ao nascer. E quando ouvi do cardiologista: "Sim, você vai poder beijá-lo", foi uma alegria infinita.

E enquanto boa parte das mães estava com seus filhos ao seu lado, eu atravessava corredores e me juntava a outras mulheres de corações aflitos por ver seus filhos. 

Tive que seguir ordens. 
Ouvir muitos Nãos! 
Não pude muita coisa. 

A sensação que tinha era como a de uma leoa, recém-parida, vendo sua cria isolada e não poder lamber, cheirar, tocar. 
Eu sabia que tudo era pelo bem do Miguel. Mas lá no fundo, no meu coração sangrando de mãe, surgia um abismo com a falta que tudo isso me fazia. E o que me confortava era: "Um dia sairemos daqui e poderei fazer tudo o que hoje não posso."

Mas esse dia nunca chegou. 

Todo o tempo o MEU filho foi dos médicos, das enfermeiras, das técnicas, até porque eles faziam muito mais do que eu. Já disse uma vez, me sentia mãe por tabela. 

Nunca amamentei o Miguel no meu peito. Nunca troquei uma fralda. Não cuidei do seu umbigo, nem dei banho. 

Imaginem... sonhar por todos aqueles 9 meses com uma vida para o meu filho (pois eu sonhava de ver meu gordinho jogando bola com o pai, chegando da escola fantasiado, brincando na areia da praia) e não ter o mínimo pra mim.

O abismo ficou.

Com a chegada do Theo, eu senti e sinto a necessidade de preencher essa falta. Aquela leoa acuada que rondava a incubadora agora tem seu filhote aqui pra lamber, cheirar, sentir.

E todas as loucuras que cometo levando à minha exaustão são pelos meus dois filhotes. Mas também por mim, que ouvi tantos Nãos! 

E mesmo que muitos não entendam, saibam: EU PRECISO preencher a minha vida de apenas SIM. 
 

Aracelli Moreira

 

Qualquer reprodução deste texto deverá seguir a fonte de autoria Aracelli Moreira www.coracaodeleao.com.br

 

O último dia do ano


No ano que vem também haverá injustiças, pessoas morrerão, outras chorarão. Porque isso ocorre todos os anos. Infelizmente. Mas ocorre.

Em 2014, ano que engravidei do Miguel, que descobri tudo o que enfrentaríamos juntos, ouvi a mesma coisa: "Acaba logo 2014 que tá demais!"... 

Mas eu? Eu preferi agradecer. 

Seis dias depois de começar 2015, Miguel partiu..., e eu poderia ter passado os 359 dias do ano dizendo "Acaba logo, 2015!". Mas ele me deu 6 dias com meu Leãozinho. Dias intensos, é verdade. Mas que estive com meu filho, sentindo seu cheirinho, fazendo carinho na testa, ou só observando sua respiração.

Nesse mesmo ano, escrevi seu livro, conheci pessoas maravilhosas e ainda engravidei do Theo. 

E como eu poderia desejar esquecer 2015?

Se eu tivesse vivido pensando no amanhã todo o tempo em que Miguel esteve aqui, em "Quando ele sair daqui...", "Quando tudo isso passar...", não teria sentido a metade do que realmente foi. E passaria o resto da minha vida pensando no "Se...".

Em 2016 houve muitas tragédias, muitas pessoas sofreram, mas quem foi que disse que a Realidade é apenas Felicidade? 

O maior problema da humanidade atual é buscar a Felicidade plena, que dure 24h por dia, e passar por toda a vida à espera desse momento, sem perceber o que se tem agoooora e agradecer por isso. 

Vamos chorar, vamos viver um luto, ter saudade, indignação, sonhar com um amanhã melhor, mas anular tudo o que todos esses meses nos trouxeram é simplesmente não viver!

Eu já cansei de dizer "Acaba logo, que tá F**!" 

Mas de uns tempos para cá, eu sinto uma necessidade absurda de agradecer pelas imensas coisas que ganhei, que compartilhei, que vivi!

Me recuso a dizer que "2016 vai tarde!", porque eu    Não   Tenho  Pressa   pra viver o amanhã. 

Não estou doida pra ver o meu filho já grande, ou pra chegar logo aquela viagem,... porque a minha vida é o Hoje! 

Não quero viver de Expectativas , mas de Perspectivas. Não quero ficar sentada vendo a vida passar! Quero sentir o agora e (quem sabe?) desejar o que poderei ter amanhã.

Ano passado, nesta mesma época, eu escrevi:

 "2015 me transformou. 
  2016 serei eu a transformar!"

E consegui. 

Eu desejo que 2017 seja um ano justo, com pessoas capazes de serem Humanas, que parem de pensar no próprio umbigo, ou pior, que parem de aguardar um futuro que nunca chega. 

A gente precisa parar de idealizar o futuro e se perguntar "O que EU posso ser para 2017?". Parar de apontar o dedo pro outro e cometer erros ainda piores que ele. 

Desejo que possamos viver o Presente, sentir o cheirinho da chuva de verão sem reclamar que está calor. 

Desejo que meu filho brinque, ou, se preferir, fique olhando pro teto cantando uma música só dele, sem que ninguém entenda nada, e que eu possa dançar e o ver gargalhar até ficar cheio de soluços. 

Porque num futuro próximo, ele vai saber cantar uma música que não será mais só dele. Mas aí eu terei vivido tudo isso. 

Aracelli Moreira

#MiguelTheoAmoresdaMinhaVida 

Foto @hripsimevardanyan

Qualquer reprodução deste texto deverá seguir sua autoria: Aracelli Moreira www.coracaodeleao.com.br

Nove Meses


Foto do parto do Theo

Foto do parto do Theo


Você passou a existir no momento em que meu coração disse que eu estava pronta para ser Mãe mais uma vez. Antes disso, eu não fazia ideia de que seria emocionalmente possível.

Foi só quando eu olhei para aquele quartinho o qual eu deixara para trás cheio de lembranças - umas concretizadas, outras só na imaginação - que entendi que você um dia chegaria para me fazer existir num outro momento da maternidade que nunca tive: o de cuidar, proteger, ver crescer.

E montar todo ele de novo, imaginando-te nele, me fez ter medo de não ser real. Mas o Amor que crescia em mim (e ainda cresce), me fez continuar sonhando com a sua chegada, com o seu rostinho, com o seu cheirinho, com o som da sua voz...

Ao longo de 9 meses, Filho, eu arrumei a minha mobília interna, as minhas paredes, meus alicerces para que eu pudesse ser a sua melhor Mãe. 

E aí você chega ao mundo e agarra no meu rosto como se dissesse "eu vim pra você, mamãe", e ali eu pude sentir o amor mais verdadeiro do mundo, meu Minduim

10:24 de um 21 de fevereiro e minha vida mudou, para melhor, mais uma vez.

Aracelli Moreira 

 

Qualquer reprodução deste texto deve seguir com a fonte de autoria: Aracelli Moreira, www.coracaodeleao.com.br

 

Chá de Minduim


Chá de Minduim tem que ser a caráter. E assim foi! Demorei meses para organizar, pensar nos detalhes, não porque tinham tantos assim, mas porque Eu precisava viver todas as etapas dessa nova gestação. 

Charlie Brown - Chá do Theo

Charlie Brown - Chá do Theo

No início da gravidez do Theo, tudo foi muito confuso aqui dentro, eu me sentia pronta, mas o meu coração de mãe ainda estava sangrando. Acho que essa é uma ferida que não sara jamais. Mas eu também compreendi que o Theo encontraria uma mãe muito diferente da que o Miguel encontrou. Assim como qualquer outro filho que venha depois do primeiro. Toda mãe, com a experiência de tudo que viveu com seu primogênito, transforma-se. E não foi diferente comigo. Em muitos sentidos. 

Mas isso dará um outro texto mais à frente (rsss)... 

Voltando...

A terapia me ajudou a ver que se o Miguel estivesse aqui comigo, crescendo, engatinhando, ele me exigiria atenção - eu estaria nos preparativos da sua primeira festa de aniversário - e teria que saber dividi-la entre os dois. Por isso eu não me culpei dedicar essa atenção, a princípio, ao Miguel, ao lançamento do livro que fiz sobre ele, para ele. Eu não conseguiria dar um novo passo de outro jeito. Era como fechar um ciclo. Assim me sentia numa preparação para uma nova etapa da minha vida.

Fiz o lançamento e só então eu pensei na primeira celebração (de muuuuuitas) que o Theo terá. 

Escolhi o tema do Charlie Brown e Snoopy porque eu carrego o Minduim mais amado do mundo, tinha que ser esse o tema! Mas como eu disse, a mamãe aqui não é mais a mesma e não aguentou fazer tudo sozinha como da outra vez. Precisei de reforços!!! Mal consegui fazer uma brincadeira, logo eu, a Rainha das Brincadeiras e Surpresas dos Chás de Panelas, de Bebês, etc. (minhas amigas que digam!). Mas a barriga de 32 semanas já não está colaborando com as dores na lombar. Cheguei à conclusão que a gravidez do Miguel foi pura fantasia. Eu pulei, dancei, corri e nada senti. Só felicidade. 

Desta gestação, a minha felicidade se resume a uma gravidez normal, com alguns poucos sintomas, verdade, mas algo dentro da realidade de toda mãe. Eu sempre dizia que queria ter tooooodos os sintomas do mundo, para que meu Miguel estivesse a salvo. E eu nada pude fazer quanto a isso. E agora, graças a Deus, eu ouço dos médicos: “O Theo está ótimo!”. E sentir dor na lombar ou falta de ar me faz até sorrir, porque ele está bem.

Lê-se: "Pode comer sem culpa. Você vai continuar linda! Theo, 16/01/16"

Lê-se: "Pode comer sem culpa. Você vai continuar linda! Theo, 16/01/16"

Há poucos dias da festa, fui tomada por uma alegria que nem eu imaginei que sentiria, uma gratidão ainda maior por Deus permitir que eu estivesse vivendo tudo aquilo de novo. E assim foi por todo tempo. Vi a mesma alegria no meu marido, no carinho que tivemos em deixar tudo perfeito para celebrarmos a chegada do nosso Theo.

E essa alegria estava nos olhos, nos sorrisos de todos que foram viver esse novo momento de nossas vidas.

O Chá de fraldas foi muito mais que uma festinha entre amigos e familiares, foi dizer ao meu filhote que ele é muito aguardado, muito amado e que estamos à sua espera.

Aracelli Moreira 

 

Qualquer reprodução deste texto deve seguir com a fonte de autoria: Aracelli Moreira, www.coracaodeleao.com.br

 

Um jardim encantado


Ensaio fotográfico do Theo, por Carol Correa Photography

Ensaio fotográfico do Theo, por Carol Correa Photography

No último dia 9, meu marido e eu saímos de casa para tirarmos as fotos do Ensaio do Theo. Pela primeira vez tivemos um “evento” para o nosso mais novo. Fiz as fotos num lugar diferente de quando fizemos na gravidez do Miguelindo. Figurino diferente, fotógrafa diferente e por que não Pais diferentes?! 

Não há como sermos os mesmos de outubro de 2014. Naquela época, não fazíamos ideia de nada, pelo que passaríamos, de quem nos transformaríamos...

Se há pouco mais de um ano, eu corri pelo Parque Lage com uma saia de filó, agora eu estava num vestido longo rendado toda trabalhada na elegância. 

O Miguel me fez ter pressa. Eu corri pra tudo! Até mesmo para amá-lo o máximo possível. Consegui até o impossível. Com Theo, tenho a calmaria, talvez a sabedoria de uma Mãe de Segunda Viagem

Escutei a fotógrafa dizer: “Ponha a mão na barriga e se conecte ao seu filho.”. E um filme passou na minha cabeça...

Pensei naquela tarde do Parque Lage (há mais de um ano), nas coisas que imaginei que realizaria com ele, em tudo. Eu sabia que seria um momento de muitos pensamentos. 

Se o Miguel estivesse ali, estaria desviando minha atenção do mesmo jeito, correndo, caindo, chorando, fazendo pirraça... Então, resolvi deixar meus pensamentos fluírem. 

Foram muitos os momentos que revivi aquele ensaio de meses atrás, mas aos poucos fui me conectando ao Theo. Senti-o mexer, mostrar a mim que agora era ele, era a vez dele me fazer feliz, a seu modo, com a sua história.

E meu Minduim passou a ser a estrela daquela manhã. Todas as vezes que sorria, pensava: “Mamãe está aqui por você, meu amor!”. E assim ficamos durante 4 horas andando pelo Jardim Botânico curtindo cada segundo daquele momento. E pelo que vi no resultado das fotos, meu amor por ele foi registrado para que um dia possamos ver essas fotos, j-u-n-t-o-s!

Aracelli Moreira 

 

Qualquer reprodução deste texto deve seguir com a fonte de autoria: Aracelli Moreira, www.coracaodeleao.com.br

 

 
 

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